Em extinção
Pesquisa registra presença de Onça Parda e Lobo Guará em área da Fazenda Escola
Uma pesquisa realizada pela aluna de Especialização em Gestão ambiental do Campus Inconfidentes, Talita Nazareth de Roma, e a professora do campus, Katia Regina de Carvalho Balieiro, descobriu a existência de animais silvestres e em risco de extinção em uma área de Mata Atlântica da Fazenda Escola, como Onça Parda, Lobo Guará, Gato do Mato e Veado Campeiro. “Os resultados obtidos neste estudo revelaram que, a despeito de reduzida área de fragmento florestal, os 12,2 hectares apresentam uma riqueza de espécies relativamente elevada, em comparação com outros trabalhos realizados em fragmentos de Mata Atlântica, indicando a necessidade de mais estudos e esforços para sua conservação”, explicou Talita que também estudou Biologia no campus.
Denominado “Levantamento de mamíferos silvestres de médio e grande porte em fragmento de Mata Atlântica no Sul de Minas Gerais”, o projeto de pesquisa foi executado entre junho de 2011 a dezembro de 2015 e o processo de sensibilização ambiental da comunidade está ocorrendo desde o início de 2017.
Para descobrir as espécies de mamíferos existentes na área da Fazenda, a pesquisadora usou armadilhas de pegada. “As armadilhas foram confeccionadas com caixas de madeira, preenchidas com areia úmida. O registro de dados de pegadas nas parcelas de areia aconteceu por meio de visitas a cada 15 dias por dois dias consecutivos, de junho de 2011 a junho de 2014”, completou Talita. A cada vistoria, as pegadas existentes foram fotografadas, identificadas e comparadas com guias de campo. Outra metodologia usada foi o armadilhamento fotográfico, com registros realizados diariamente. Foram instaladas quatro câmeras fotográficas, com sensor infravermelho de detecção de presença e de movimento, colocadas em 13 pontos distintos e estratégicos.
De acordo com a pesquisa, foi pssível detectar a passagem da Onça Parda pela Fazenda Escola a cada 30 dias. "Isso permite afirmar que o local funciona como um corredor ecológico para esses animais", esclareceu Talita.
Área pequena, mas rica em diversidade
Segundo Talita de Roma, alguns estudos constataram que 83,4% dos fragmentos de Mata Atlântica estão na classe de tamanho de 0 a 50 hectares, validando a importância do estudo destes fragmentos, ainda que reduzidos, para que se desenvolvam estratégias de conservação em escala local e regional. “Dentre outros argumentos está à presença de espécies ameaçadas e vulneráveis nesse diminuto espaço físico cortado por rodovias estaduais”, frisou a pesquisadora sobre a importância de se criar estratégias de conservação do local. De acordo com ela, o fragmento de Mata Atlântica na fazenda não é o ambiente ideal para espécies silvestres, pois não garante a sobrevivência de suas populações em longo prazo, sobretudo para aquelas que requerem grandes áreas para sobreviverem. “Todavia, estes fragmentos devem ser vistos no contexto da paisagem, como possibilidade para a conexão de populações já ameaçadas. O fragmento em estudo apresenta oportunidades para a conservação das espécies ameaçadas e em vulnerabilidade, podendo servir como trampolins ecológicos”, constatou.
Outras espécies de animais silvestres que não estão na lista de extinção também foram encontrados na área estudada como furão, quati, gambá, ouriço, cachorro do mato, paca, capivara, ratão do banhado, tatu peba, tatu galinha e guaxinim.
Sensibilização ambiental
Uma das etapas da pesquisa é a sensibilização ambiental da população, com a produção de material didático para a conservação da área protegida. Além disso, palestras sobre mamíferos e a importância eles para a cadeia alimentar e os métodos de levantamento para a fauna estão sendo realizadas. A pesquisadora também ministra oficinas para crianças e jovens, em sala de aula, quando são abordados assuntos como fabricação de moldes de pegadas para futura identificação. “Realizamos ainda visita à área verde onde pretende-se despertar a sensibilização para a conservação. A população sente o ar puro, ouve a natureza. Queremos resgatar neste público a importância da conservação destes animais”, concluiu Talita de Roma.
Confira as imagens (Fotos: Talita Nazareth de Roma)
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