Incêndio na Serra

Mapa mostra área de serra atingida por incêndio: o equivalente a 70 campos de futebol.

Professor de Agrimensura calcula área de serra atingida por incêndio nos arredores de Inconfidentes

 Nas últimas semanas, o Brasil tem enfrentado um período crítico devido à forte seca provocada pelo fenômeno La Niña. De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o país está sendo fortemente impactado por esse fenômeno, que historicamente está associado a chuvas acima da média nas regiões Norte e Nordeste do país, e abaixo da média, nas regiões Centro-Oeste e Sul.

Além das condições naturais adversas, as queimadas (espontâneas ou criminosas) intensificam ainda mais a situação nas cidades. A vegetação seca se torna altamente suscetível ao fogo, e queimadas ilegais têm agravado os danos ambientais. No dia 11 de setembro de 2024, a cidade de Inconfidentes, no Sul de Minas Gerais, foi atingida por um incêndio que atingiu a Serra que por muitos é chamada de "Serra da Grama" ou "Serra do Otacílio".

Esta região pode ser vista de vários pontos da cidade e compreende um dos maiores postos de vida. Sua topografia imponente e coberta por resquícios de mata e áreas de vegetação natural e áreas de pastagem. Hoje a serra encontra-se totalmente destruída e devastada pela queimada ocorrida, substituindo sua beleza natural por uma paisagem triste e desoladora aos moradores e turistas que visitam a cidade diariamente.

O mapa que acompanha esta matéria foi elaborado a partir de uma imagem capturada pelo sensor de imageamento a bordo do satélite Sentinel-2, obtida em 13 de setembro de 2024, dois dias após a ocorrência do incêndio na serra. Essa imagem foi utilizada para mapear a área devastada pelo fogo. Na análise realizada, a área atingida soma um total próximo de 50 hectares, o que em termos práticos é equivalente à mesma área ocupada por aproximadamente 70 campos de futebol.

A imagem orbital foi analisada em uma composição falsa cor, que permite que as análises sejam realizadas considerando o princípio da absorção de diferentes objetos na superfície terrestre, utilizando comprimentos de ondas refletidos por eles nos comprimentos de onda do Azul, Infravermelho e Vermelho (B-IR-R). Esta e outras composições coloridas são largamente utilizadas no Sensoriamento Remoto, permitindo realizar análises temporais sobre o comportamento da vegetação e a superfície terrestre, além de mapear áreas devastadas. Esse tipo de informação é estratégico para a recuperação visual e/ou reflorestamento, gerando mapas ricos de informações que podem ser utilizadas principalmente na gestão ambiental.

O uso do Sensoriamento Remoto é uma ferramenta fundamental para a quantificação de áreas desmatadas, corpos d’água, estradas e análises espaço-temporais, mostrando a evolução de um contexto na superfície física da Terra. Uma das grandes vantagens desse tipo de tecnologia é a disponibilidade gratuita de imagens para todo o planeta, com atualizações frequentes, o que possibilita um monitoramento contínuo e eficaz.

TEXTO:

Heitor Garcia Martinelli - 6º período de Engenharia de Agrimensura e Cartografia do IFSULDEMINAS, Campus Inconfidentes.

Prof. César de Paula, docente do IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes.