Pesquisa
Pesquisadores do campus concluem investigação sobre insetos nativos
A pesquisa sobre os insetos nativos da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Machado, no Sul de Minas, foi concluída e trouxe a descoberta de um novo bicho para as ciências: um tipo diferente de Opilião, um inseto da classe dos araquinídeos.
O trabalho de investigação foi desenvolvido entre os anos de 2018 e 2019 por pesquisadores dos campi Inconfidentes e Machado, do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS).
Os resultados das investigações foram publicados por duas revistas científicas, em edições deste mês. A pesquisa descreve como as vespas estão distribuídas na região de Mata Atlântica, bem como estuda uma espécie de borboleta em extinção na região. A investigação traz ainda a descoberta de uma espécie de Opilião, um bicho da classe dos araquinídeos.“O trabalho é relevante porque a APA foi criada e ainda não tem nenhuma informação referente à diversidade biológica”, disse o coordenador da pesquisa, professor Marcos Magalhães, destacando as informações coletadas como necessárias à sustentação da Área de Proteção.
Este foi o primeiro trabalho para inventariar a fauna na região do Rio Machado, desde a criação da APA, em 1999.
De acordo com a Lei 13.373/1999, que criou a APA, a área mede 1.016km2 e o leito do rio percorre por uma extensão de 211,8km, banhando os municípios de Espírito Santo do Dourado, Congonhal, Ipuiúna, São João da Mata, Poço Fundo, Carvalhópolis, Campestre, Machado, Alfenas, Paraguaçu e Fama.
Segundo o pesquisador Marcos Magalhães, que é professor de Biologia no Campus Inconfidentes, o estudo dos invertebrados nas áreas de proteção é raro. “O pessoal costuma dar ênfase aos vertebrados nos levantamentos científicos. Mas os invertebrados são relevantes nos ecossistemas aquáticos e terrestres para se entender a diversidade biológica do local”, completou Magalhães.
O trabalho de coleta dos insetos começou em setembro de 2018 e foi concluído no mês de agosto de 2019.
Para estudar a Área de Proteção Ambiental, os pesquisadores percorreram o leito do Rio Machado nos municípios de Machado, Poço Fundo e Fama. "A área tem uma diversidade biológica signifcativa, mas não tem fiscalização, o que coloca as espécies em risco. Precisamos de um plano de manejo urgente", concluiu Magalhães.
O trabalho de pesquisa envolve alunos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas e Engenharia Agronômica do Campus Inconfidentes, bem como colaboradores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia) INPA e Universidade Federal do Paraná (UFPR).
O início
A APA do Rio Machado foi criada em 1999, quando a Asparma – Associação de Pescadores e Amigos do Rio Machado, liderada pelo professor Paulo Joaquim de Carvalho Dias, motivou a Câmara Municipal de Machado solicitar ao Governo Estadual a criação da Área de Proteção Ambiental.
O início do trabalho de pesquisa desenvolvido pelo IFSULDEMINAS se deu pela iniciativa do diretor-geral do Campus Inconfidentes, professor Luiz Flávio Reis Fernandes. Ele indicou a APA do Rio Machado para os pesquisadores como local de investigação.
Natural de Machado, em 2007, o atual diretor do Campus Inconfidentes era o responsável pela Diretoria de Meio Ambiente da Prefeitura de Machado.“Nós temos na bacia hidrográfica do Rio Machado sistemas produtivos de elevado impacto ambiental como café, batata e extração de areia. Daí a necessidade de se conhecer e proteger o ecossistema deste ambiente”, defendeu o diretor-geral do Instituto Federal de Inconfidentes que é especializado em Gestão Ambiental.
Segundo Luiz Flávio, na época, ações da Diretoria Municipal de Meio Ambiente, em parceria com a Asparma, Epamig e Emater foram desenvolvidas na área como recuperação de nascentes e plantio de árvores nativas. “Outro trabalho relevante foi mapeamento da calha do Rio Machado até a nascente.
Brincávamos que era a expedição do Rio Machado. Mas queríamos traçar linhas de ações como o georeferenciamento e fotografias”, recordou Luiz Flávio. Para o diretor, a pesquisa sobre os insetos é uma continuidade importante das iniciativas desenvolvidas para a preservação da fauna da região. “Quando vim trabalhar no Instituto Federal de Inconfidentes propus para o professor Marcos Magalhães fazer uma intervenção para dar continuidade aos trabalhos que tínhamos iniciado”, relatou o diretor-geral.
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