Biblioteca Humana

Projeto Biblioteca Humana do Sul de Minas Gerais reúne mais de 200 pessoas, em Inconfidentes
Evento promove escuta ativa, empatia e valorização das histórias reais da comunidade
No último sábado, 5 de julho, o IFSULDEMINAS – Campus Inconfidentes sediou um evento marcante: a passagem do projeto Biblioteca Humana do Sul de Minas Gerais, uma iniciativa da Editora PlenaVoz, com patrocínio da Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Lei Paulo Gustavo. O projeto tem como objetivo promover o diálogo, combater preconceitos e valorizar a oralidade como patrimônio cultural e instrumento de transformação social.
Idealizado por Monique Leite, fundadora da Editora PlenaVoz, o projeto convida pessoas com vivências impactantes a se tornarem “livros humanos”, que compartilham suas histórias com o público em encontros presenciais, geralmente realizados em praças públicas. A proposta é inspirada na ONG Human Library, criada na Dinamarca, e adaptada para a realidade e cultura do Sul de Minas.
“O objetivo é democratizar o acesso à literatura e à escuta sensível, levando a cultura até as comunidades, em vez de esperar que as pessoas a procurem. Acreditamos que ouvir, com atenção e sem julgamento, amplia nossa visão de mundo e fortalece os laços comunitários”, destacou Monique Leite.
Histórias que tocam e transformam
Durante o evento no campus, cinco moradores de Inconfidentes se tornaram os “livros humanos” do dia. Cada um compartilhou sua trajetória por cerca de uma hora. Os títulos dados às histórias foram curtos e impactantes, com o intuito de despertar a curiosidade do público e reforçar o convite ao (des)julgamento. Os livros apresentados foram: “Mulher negra”, “Mãe de transexual”, “Nanismo”, “Crocheteira” e “Universitária depois dos 40”.
O público, estimado em cerca de 200 pessoas, participou ativamente, com perguntas, comentários e relatos pessoais que ecoavam as histórias ouvidas. A proposta de escuta ativa e genuína foi abraçada pelos participantes, que se desconectaram do digital para se conectar com o humano.
Momentos de profunda emoção
Cada história trouxe momentos de forte comoção. Uma das mais marcantes foi a de “Universitária depois dos 40”, que revelou, pela primeira vez publicamente, o drama de ter vivido 17 anos em um relacionamento abusivo e em situação de cárcere privado. Ela emocionou a todos ao relatar como os estudos e o acolhimento no IF foram fundamentais em sua reconstrução pessoal.
A história do livro “Nanismo” também comoveu o público ao abordar o preconceito enfrentado ao longo da vida, equilibrado pelo amor e apoio incondicional da família. Já a crocheteira, funcionária há 20 anos no campus, compartilhou sua vivência como órfã e a forma como transformou a dor em força, sendo uma referência de sabedoria e conselhos para muitos estudantes.
Atividades que encantam
Além das histórias, o evento contou com a Farmácia da Poesia, um espaço criativo com 14 “medicinas poéticas” – cápsulas recheadas com frases e poemas voltados a emoções como medo, coragem, amor-próprio e paciência. A ação foi pensada para oferecer alívio emocional por meio da literatura e da arte.
Impacto na comunidade
Segundo Monique Leite, Inconfidentes registrou o maior público entre as cinco cidades já visitadas pelo projeto. Além do evento em si, o processo de preparação dos livros humanos — com treinamentos, kits personalizados e um mês de reflexão pessoal — foi descrito como terapêutico e transformador. “Os participantes nos disseram que essa vivência foi um divisor de águas. E para quem assistiu, o impacto também foi grande: houve conexão real, olho no olho, escuta verdadeira e valorização das pessoas da própria comunidade. Isso gera pertencimento e orgulho coletivo”, concluiu Monique.
As histórias contadas no campus foram gravadas e farão parte do acervo digital da Biblioteca Humana do Sul de Minas Gerais, disponível no site www.bibliotecahumana.com e no canal do projeto no YouTube.
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